
“As Termas de São Pedro do Sul crescem porque conseguem conciliar um conjunto de vontades e respostas para os novos públicos”
As Termas de S. Pedro do Sul são a principal estância termal de Portugal e uma das maiores da Península Ibérica. Abertas durante todo o ano, dispõem de dois balneários termais que dão resposta a diferentes valências: termalismo terapêutico, fisioterapia e bem-estar termal.
Numa época em que os tratamentos à base de produtos naturais e os conceitos de saúde e bem-estar ganham cada vez mais popularidade, a utilização de águas termais representa uma alternativa segura e eficaz face às modalidades terapêuticas convencionais.
Os estudos científicos que têm vindo a ser realizados destacam o papel fundamental da composição química, nomeadamente dos sais minerais e oligoelementos presentes neste tipo especial de águas minerais.
A área das Termas de São Pedro do Sul faz parte de um extenso maciço de granitos. A origem da água termal surge, segundo os geólogos especialistas, de uma grande falha tectónica ativa que se prolonga nesta região. Esta consegue conduzir fluxos de água subterrânea de grandes distâncias e profundidades.
A água termal emerge do interior da terra à superfície com uma temperatura natural de 68,7º C. Caracteriza-se como uma água fracamente mineralizada, “doce”, com reação muito alcalina. É bicarbonatada, sódica, carbonatada, fluoretada, sulfidratada e fortemente silicatada.
Esta água pertence a um grupo designado por águas sulfúreas, sendo o enxofre o elemento responsável pelo seu cheiro característico. Mantém a sua estabilidade físico-química há milhares de anos e é bacteriologicamente pura. Pela sua composição única, tem reconhecidos efeitos terapêuticos aquando da sua utilização em programas de cura termal.
O Diário de Viseu foi conversar com o presidente do conselho de administração, Vitor Leal, sobre novas apostas e a importância de estarem na BTL.
O que faz das Termas de São Pedro do Sul o maior centro termal do país e um dos maiores da Europa?
Acredito que tem a ver com o facto de conseguirmos conciliar um conjunto de vontades e de interesses, quer das entidades públicas quer das entidades privadas. Isto tem sido o sucesso de São Pedro do Sul. Que a câmara municipal, quer a empresa municipal Termalistur, quer os privados e todos os intervenientes nos investimentos turísticos, têm trabalhado lado a lado para procurar requalificar-se, qualificar-se para novos serviços, fazer novas ofertas.
Um faz o investimento, o outro vai atrás e, portanto, há uma sintonia clara para sabermos que caminho cada um quer ter. E isso é fundamental para criar um destino equilibrado, um destino que é para todo o tipo de pessoas, para todo o tipo de clientes, mesmo em termos financeiros. Adaptamo-nos à procura e temos hotéis para todo o tipo de procura. E é o que estamos também agora a fazer aqui nos balneários, ou seja, criar um novo conceito com a requalificação do balneário Rainha Dona Amélia para um novo público. E fazê-lo também porque neste momento não temos capacidade de atender, porque não temos condições e as instalações apropriadas. É essa aposta que estamos a fazer também aqui nas termas para reforçarmos a nossa capacidade de receber, mas de o fazer bem.
E quem é esse novo público que querem cativar?
Hoje há um público que procura um serviço cada vez mais personalizado, um serviço de retiro, de calma, de sossego, de não stress, de tratamento da doença mental, que é a doença do século, e é esse espaço de equilíbrio, do corpo e mente que nós queremos construir no balneário Rainha Dona Amélia. Associando a isto, um elemento extremamente influenciador que é a nossa dermocosmética. Sem dúvida nenhuma que veio ajudar neste processo de crescimento e de adaptação aos novos tempos. Nós temos tido crescimentos exponenciais nas vendas da dermocosmética que tem tido uma aceitação muito boa.
E nós vamos criar um espaço próprio onde podemos aproveitar essa oferta e direcioná-la para os tratamentos que temos, oferecendo-os no âmbito desse serviço. Tratamentos de rosto, corpo e outro tipo de tratamentos e, para isso, vamos ter técnicos altamente credenciados e formados na área da dermocosmética para fazer este caminho de descoberta com o cliente, percebendo o que este quer quando procura as Termas de São Pedro do Sul, que cheiros gosta, que tipo de pele tem, e associar a um conjunto de serviços, de massagens e de tratamentos.
“Temos que nos adaptar às novas tendências, a um público cada vez mais jovem, mais exigente, que procura um tipo de tratamento que não é só a água por si só, mas um conjunto de outros tratamentos complementares”
As termas são hoje muito mais do que um espaço de tratamento procurado por pessoas seniores com problemas de saúde.
A sociedade mudou radicalmente nas últimas décadas e nós temos que nos adaptar e perceber claramente as novas realidades. Temos de perceber que hoje, para problemas osteoarticulares ou de locomoção, cada vez existem mais propostas, quer sejam farmacológicas, quer sejam propostas do ponto de vista da fisioterapia. E, neste aspeto, as termas ajudam e melhoram a condição de vida. Na parte das vias respiratória, por exemplo, poderá inclusivamente assumir curas de alguns problemas. Mas as termas não curam, pelo menos na parte músculo-esquelética, nesta parte que nós acompanhamentos, mas promovem a qualidade de vida e a própria longevidade da vida. E como tal, temos que nos adaptar a estas novas tendências, um público cada vez mais jovem, mais exigente, que procura um tipo de tratamento que não é só a água por si só, mas um conjunto de outros tratamentos complementares, em que procura trabalhar o corpo e a mente.
Também enquanto um destino turístico de saúde?
Costumo dizer que para as Termas de São Pedro de Sul se vem fazer férias com saúde ou vem-se fazer saúde com férias. Depende qual é a motivação no momento da pessoa, do nosso cliente. Nós tratamos clientes, não tratamos utentes. O nosso cliente tem uma motivação originária, quer vir fazer férias e aproveita e faz saúde, porque temos todas as ofertas de saúde possíveis. Portanto, se o cliente está com problemas de saúde, o seu motivacional é a saúde. Mas vamos proporcionar umas boas férias neste destino, é essa dialética que tem de funcionar.
Se as motivações são mais e diversas, significa que essa realidade tem tem contribuído para o aumento da procura das Termas de São Pedro do Sul?
Nos últimos anos, nós temos tido crescimentos muito elevados na área do bem-estar termal, aquilo que podemos chamar wellness, do well-being, na ordem dos 20% ao ano, e continuamos, nestes primeiros dois meses do ano, com crescimentos na ordem dos dois dígitos, cerca de 20%. Na área da reabilitação, da fisioterapia, que é um nicho que também temos, muito específico, com os da balneoterapia, o crescimento também tem sido no âmbito dos 20% ao ano. Na área do termalismo terapêutico, está estabilizado, ou seja os crescimentos têm sido pouco expressivos. Esperamos poder este ano crescer na ordem dos 5%, mas na verdade é uma área que não está tão em expansão, como a parte do wellness.
É a pensar em novos públicos que as termas também investem em animação?
É a pensar em todos os nossos públicos que as Termas de São Pedro do Sul dispõem de uma programação cultural e de animação variada que complementam a estadia e os tratamentos de saúde e bem-estar.Como por exemplo, caminhadas desportivas e culturais pelos pontos de interesse natural e cultural da região; aulas de ginástica; de Ioga do riso; apresentações de livros; exposições; cinema, teatro e concertos ao vivo.
Mais uma vez, as termas vão apresentar-se na BTL. De que forma o vão fazer?
As termas de São Pedro do Sul estarão na BTL a dois, três níveis. Por um lado, junto do que são as termas do Centro de Portugal e o Turismo Centro de Portugal, e participamos em todo o consórcio das termas do Centro de Portugal ativamente. Estaremos presentes num espaço próprio, que este ano a BTL dedicou ao wellness, e onde estão várias termas e spa’s. E estarão, junto com o Município de São Pedro do Sul, naquilo que é a presença na CIM Viseu Dão Lafões, agregada por todos os municípios desta comunidade.
Qual a importância de estarem presentes na BTL?
É importante estar sempre numa montra turística como é a BTL. Digamos que não é por ali que vamos ter um grande crescimento de clientes, mas há um conjunto de ideias que se trocam, de ideias que se encontram, de trocas de experiências, de pessoas que se conhecem. E também é sempre bom e interessante ter uma presença da marca, do destino que não pode ficar sem ser vista. Costuma-se dizer que o que não é visto não é achado e, portanto, é sempre útil marcar presença nestas e noutras feiras.
O que representa para as Termas de São Pedro do Sul ter o seu presidente do conselho de administração na Associação das Termas de Portugal?
Fui eleito, enquanto presidente da Termalistur, para a presidência da Associação das Termas de Portugal, mostrando que acima de tudo a união de todos faz a força deste e de todos os outros setores de atividade. E portanto, o que nós queremos, o que nós procuramos é, com o nosso contributo, fortalecer aquilo que é o termalismo em Portugal, porque só todos estando bem, só todos tendo uma presença forte que defenda os nossos interesses junto do poder político é que também São Pedro do Sul estará bem e vice-versa.
E portanto, esse é um patamar que nós temos vindo a exercer. Também estou, como vice-presidente da Associação Europeia de Cidades Históricas Termais e, nessa perspetiva, criar laços, criar conhecimento, criar parcerias, interagir com outros parceiros. Eu sou um apologista que só o mundo é que nos pode dar coisas para evoluir. O mundo dá-nos mundo e é isso que é necessário.