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Adaptação de "Amor de Perdição" estreia na quinta-feira no Porto

Em cena até 10 de novembro, “Amor de Perdição” vai ter sessões para escolas nos dias 5, 6 e 7 desse mês

Uma adaptação do romance "Amor de Perdição", do escritor português Camilo Castelo Branco, estreia-se na quinta-feira, no Teatro Carlos Alberto, no Porto, numa encenação de Maria João Vicente fiel ao original, com ecos no presente.

Escrito em 1861 por Camilo Castelo Branco, quando este se encontrava preso por adultério na Cadeia da Relação do Porto, “Amor de Perdição” conta a “paixão proibida” entre os protagonistas Simão Botelho e Teresa Albuquerque, filhos de duas famílias inimigas de Viseu, “que preferem morrer a desistir do amor que os une”, como se lê no dossiê pedagógico da peça, vocacionada para o público em geral, mas também com componente escolar.

A peça abre com nove atores em palco, cinco atrizes e quatro atores, num cenário onde se destaca uma espécie de estrada branca que sai do chão e fica em suspenso no ar.

A forma lembra uma curva que termina num precipício, e termina ao som da música "Where is my love", de Cat Power, e que serve de pano de fundo à tragédia da morte dos protagonistas e de Mariana, uma rapariga do povo, que sente por Simão Botelho um amor absoluto, mas que se torna intermediária das cartas de amor trocadas entre o casal de apaixonados, decidindo também ela morrer depois de ver o seu amado morto.

Em “Amor de Perdição” há um sentido trágico e o amor tem um caráter performativo, porque não trata apenas de um sentimento íntimo e individual, mas antes de um “ato público que molda a realidade e define os destinos das personagens”, explicou a encenadora.

À Lusa, Maria João Vicente assume que foi um desafio e uma responsabilidade trabalhar esta “obra icónica" da literatura nacional, referindo que a ideia é mostrar o espetáculo tanto ao público em geral, como realizar sessões para alunos do 11.º ano, uma vez que é “uma leitura aconselhada” para estudantes daquele nível escolar.

A encenadora explicou que decidiram ser fiéis ao romance: "Tentámos ser fiéis à obra do Camilo na sua estrutura, na sua linguagem e na diversidade de planos que a constroem, ou seja, o romance tem partes dialogadas, mas também tem partes de narração que são importante”, porque o “Camilo também tece algumas críticas ao seu tempo”.

A peça, para maiores de 14 anos, é uma coprodução do Teatro do Bolhão com o Teatro Nacional São João, em parceria com a Casa de Camilo, e conta com a dramaturgia e adaptação de Constança Carvalho Homem.

Na interpretação conta com Anabela Sousa, Bernardo Gavina, João Cravo Cardoso, Leonor Reis, Mariana Sevila, Matilde Cancelliere, Pedro Couto, Rita Reis e Vicente Gil.

O desenho de luz é da responsabilidade de Pedro Vieira Carvalho, a sonoplastia de João Pinto Félix, a cenografia de Cátia Barros e os figurinos de Lola Sousa.

Outubro 29, 2024 . 17:15

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