Foi há precisamente 92 anos que o primeiro número do Diário de Coimbra foi publicado. Fundado pelo meu Avô, Adriano Viégas da Cunha Lucas (1883-1950), liderado e desenvolvido durante 60 anos pelo meu Pai, Adriano Mário da Cunha Lucas (1925-2011), o Diário de Coimbra, importa neste dia sublinhá-lo, é um bastião da Liberdade de Imprensa. Sobrevivemos à ditadura do Estado Novo (nenhum outro jornal diário no país esteve um ano sem se publicar por “castigo” salazarista), resistimos às tentativas comunistas de ocupação no pós-25 de Abril e conseguimos manter o rumo editorial definido há 92 anos. Somos um diário independente, de orientação republicana liberal, defensor da democracia pluralista, da livre iniciativa de mercado e da sã concorrência, da Liberdade de Imprensa, da total independência da imprensa e dos órgãos de comunicação social face aos poderes políticos e aos poderes económicos monopolistas. Este é um legado de que poucos, com tal longevidade, se podem orgulhar e que se deve a todos os que connosco têm estado nestas nove décadas, superando os muitos obstáculos que enfrentámos e continuamos a enfrentar.
A Liberdade de Imprensa é um bem inalienável para a manutenção de uma sociedade livre e informada que resista às derivas populistas e totalitárias. Os regimes democráticos estão a ser ameaçados como se imaginava já não ser possível, como sucede hoje com a bárbara invasão russa na Ucrânia. Crimes de guerra inqualificáveis que só conseguem ter eco graças aos jornalistas que todos os dias arriscam a sua vida para que o mundo saiba o que está acontecer. E mesmo assim, é preocupante constatar a compreensão que alguns – como temos visto até em Portugal - revelam para com o regime ditatorial de Putin.
O papel de uma imprensa livre e sem mordaças é crucial para um futuro próspero. Um compromisso que o Diário de Coimbra assumiu há 92 anos e que hoje importa reafirmar, agradecendo o apoio dos leitores e dos anunciantes, que são a nossa razão de ser. É com eles e por eles que vamos continuar a trilhar este caminho de liberdade e democracia.
Bem hajam.
Adriano Callé Lucas
