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Beatriz Monteiro encaminhada para ‘bis’


Domingo, 10 de Março de 2024

 A portuguesa Beatriz Monteiro encaminha-se para uma segunda qualificação para os Jogos Paralímpicos Paris2024, em que espera “representar Portugal da melhor maneira possível” após ter sido quinta no Mundial já este ano.
“A qualificação fechou com o Mundial. Estou em oitavo lugar na corrida a Paris2024. Em princípio, estou dentro, estou melhor posicionada do que em Tóquio2020, quando entrei por convite. Aqui, gostaria de entrar direto”, conta, em entrevista à Lusa, à margem dos Internacionais de Portugal, nas Caldas da Rainha.
A jovem de 18 anos, natural de Terrugem, em Sintra, foi porta-estandarte de Portugal na cerimónia de abertura de Tóquio2020, enquanto mais jovem da comitiva, e mais tarde voltou da capital japonesa com um diploma, por alcançar os quartos de final (equivalendo ao quinto lugar).
Integrada no projeto da Unidade de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas (UAARE), a atleta da Académica de Coimbra vive nas Caldas da Rainha, treinando no Centro de Alto Rendimento em que, por estes dias, se estreou entre atletas sem deficiência, ao nível dos seniores e internacionalmente, nos Internacionais de Portugal.
“É diferente, a qualidade de jogo é diferente. Há profissionais aqui, o que não é o meu caso. [...] Joguei com uma atleta muito forte e tenho essa consciência, e não terá sido o meu melhor jogo, mas os nervos e a ansiedade também pesam”, explica.
Essa “boa experiência”, no primeiro ano de sénior, soma-se a outras que vai tendo ao longo da carreira, tendo já integrado a seleção nacional sub-19 de pessoas sem deficiência, para um torneio internacional, conciliando estas participações com o calendário paralímpico.
No Mundial de fevereiro, na Tailândia, foi ao quinto lugar na classe SU5, para jogadores com transtorno do movimento de baixo grau num braço, de alto grau no braço não dominante, sem um dos membros superiores ou sem parte de um dos membros superiores.
“Foi o meu terceiro Mundial. Primeiro, não passei a fase de grupos, em Tóquio2022 éramos menos caí nos quartos de final. Agora, tive uma fase de grupos boa, e éramos mais, e consegui igualar a prestação”, analisa.
Este resultado é parte de uma “preparação boa” a caminho de Paris2024, com Beatriz Monteiro a sentir que tem vindo “a melhorar e progredir” não só como atleta mas também como pessoa.
Ainda assim, a oitava posição no ranking e a sensação de bom trabalho não a levam a projetar resultados, muito menos falar de medalhas. “Não vou colocar essa pressão em cima”, atira.
No entanto, não esconde que “o sonho de topo” é ser campeã paralímpica e mundial. E porquê a hierarquização de sonhos?
“Há os sonhos que sabemos que são possíveis, e há sonhos em que sonhamos para chegar lá. Uma meia-final nos Paralímpicos, um bronze num Mundial, está ao meu alcance. Agora o ouro... ainda vai pesar um bocadinho mais”, afirma.
À porta, por outro lado, ficou desde sempre “a discriminação”, que diz não ter sentido. “Acho que até incentivo as pessoas, se veem que uma miúda com deficiência faz isto, pensam que também conseguem”, comenta.
“Não acho que seja a deficiência a fazer a diferença, dado que entrei numa seleção com pessoas sem deficiência, não só no parabadminton. Acho irrelevante nesse aspeto. [...] O desporto mudou a minha vida, e a qualquer pessoa com deficiência poderá acontecer o mesmo”, acrescenta.
É por isso que vê no desporto não só uma paixão como uma porta para ajudar quem possa “estar desmotivado com o próprio corpo, ou desconfortável com algo”.
“Abre mais caminhos, horizontes, sente-se mais confortável e que ter uma deficiência não é tão mau. Em termos de autoestima, ajuda muito, a mim ajudou-me bastante. Era bom que as pessoas acarinhassem o desporto, e gostava de ser um exemplo nesse aspeto”, diz.




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