Carlos Maurício está a viver, há perto de quatro meses, numa paragem de autocarro, junto à estação da CP, em Aveiro. Um recanto a que já se habituou a chamar de “casa”, mas onde a chuva e o frio entram sem bater, onde a exposição aos perigos é total e onde os seus poucos pertences não podem ser guardados de forma nenhuma. Um recanto que vê como “refúgio” de uma vida que não foi fácil quase desde que nasceu, nas Quintãs, há 53 anos, embora o cabelo branco, a barba mal aparada e as rugas o atirem mais para os 60.