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Ordens acusam Governo de comprometer combate à pandemia do Covid-19


Quinta, 26 de Março de 2020

As ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Farmacêuticos consideram que «o Governo, e o Ministério da Saúde em particular, não têm estado a acautelar medidas básicas e que podem comprometer todo o esforço de combate» à pandemia do Covid-19, apontando como «exemplo máximo» disso «a escassez de equipamentos de protecção individual».

Em carta aberta enviada a António Costa, os bastonários das três ordens profissionais afirmam que lhes continuam a chegar milhares de «relatos de situações muito difíceis que os profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a protecção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes».

Dirigindo-se ao primeiro-ministro, referem que a falta de equipamentos de protecção individual «está a contribuir para que entre o número de infectados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com casos positivos, estejam muitos profissionais de saúde».

«Não estaríamos a cumprir o nosso papel de associações de interesse público, em defesa dos direitos dos nossos doentes e dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, se não transmitíssemos a V.ª Ex.ª a preocupação real de, quando atingirmos o pico da pandemia, não dispormos nos nossos hospitais e centros de saúde de um número profissionais de saúde suficiente, em virtude de terem adoecido», dizem os bastonários na carta a António Costa.

Na missiva recordam que o primeiro caso de Covid-19 no país foi noticiado a 2 de Março, o que, por isso, «deveria ter proporcionado uma margem de manobra superior à de outros Estados que foram confrontados com o surto mais cedo e em fases em que a informação sobre as medidas a tomar era mais incipiente».

Conscientes de que «a situação de crise de saúde pública internacional provocada pelo novo coronavírus representa um desafio ímpar a nível económico e de organização dos sistemas de saúde para qualquer país» e que «Portugal não é certamente excepção», as três ordens sublinham que, pelas carências que a Saúde já antes enfrentava, não pode «descurar a antecipação de todas as medidas possíveis para preparar o país e os seus vários sectores para a pandemia» da doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. De qualquer modo, os bastonários afirmam que continuarão «a dar todo o apoio e colaboração à Autoridade Nacional de Saúde e ao Governo» e apelam: «Precisamos da sua ajuda. Ajude-nos a proteger todos aqueles profissionais que cuidam de nós». |




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